Comentário de Abdel Sesar Im (Rui Cunha)
17.01.2008
Olá Luis.
Antes de mais, peço desculpa pela demora deste email. Contava responder mais cedo, é certo, mas não consegui.
De resto, queria agradecer. Não quero dar os parabéns: a sua qualidade já está mais que provada e cada um de nós já se rendeu, sim, palavra “render”, ao veludo da sua voz, fulgor, fôlego e brisa. Agradecer a oportunidade de ecoar a penumbra dos nossos gritos tímidos. Agradecer o despertar de um desejo: continuar a criar paralelos: haverá gesto mais humilde?
Quanto à escolha do texto, para mim foi uma surpresa até porque havia sido o meu último texto até então. E porque aquela prosa foi instintiva: saiu-me numa noite e arquivei de pronto. Não dei à prosa o jeito da edição – o segundo ou terceiro olhar auto critico, por vezes dilacerante e muitas vezes delicioso – que aqui e ali mereceria: reconheço.
Mas, a oralidade foi, e parece-me, tanto para mim como para si, um desafio: mas penso que imitou com mestria a brutalidade que eu lhe imaginei, as interjeições quase agramaticais e as vírgulas e pausas quase insustentáveis. A raiva que o Armário desperta ao sujeito é-me epidémica, admito. Mas, o caruncho já toma conta dele e tudo parece estar a acabar…
Queria acabar por dizer que estarei sempre pronto para participar de novo neste seu projecto que é, deveras, muito interessante; e digo que merecia um destaque maior em quaisquer ondas hertezianas e que tais.
Um grande abraço e desejos de continuação desse seu excelente trabalho,
Abdel Sesar Im (Rui Cunha)