Comentário de Manuel Anastácio

16.01.2008

Caro Luís:

Só ontem tive algum tempo para ouvir de enfiada os últimos programas que fizeste. O que é uma desfeita da minha parte, tendo em conta que num deles até me citavas, a respeito do José Eduardo Lopes, mas tal como dizia a este amigo de escrita, sempre vou conseguindo um tempo para escrever e ler, em breves intervalos, mas esses breves intervalos são quase sempre mais breves que um programa do Estúdio Raposa. Claro que gostei muito de ouvir a sua leitura do conto do José. O conto que escolheste tem muitas das suas características de escrita – a simplicidade complexa das personagens, a sua palpabilidade, a força das imagens que evoca, o realismo anedótico-poético, jocoso, que eu considero profundamente alquímico. Sim, com estes adjectivos todos. E o alquímico não é o que vem menos a propósito. Creio que o Paleco criava problemas com os sotaques? Ou havia problemas de outra ordem? No Palavras de Ouro, baseado no texto de Teresa Rita Lopes, foste magnífico. Ambígua beleza, a daquela conversa em torno de um medonho concurso que tem dado origem a medonhos documentários. A atribuição de vozes foi genial e fez gerar uma corrente quase eléctrica entre dois pólos opostos, mas que, pelo seu carácter fantasmático parecem criar apenas um campo de gravítico centrado no sonho da Identidade. Pura física. Pura alquimia. Pura Arte.
Parabéns.
Manuel Anastácio

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