Nota biográfica

António Fernandes Aleixo (Vila Real de Santo António, 18 de Fevereiro de 1899 — Loulé, 16 de Novembro de 1949) foi um poeta popular português. Considerado um dos poetas populares algarvios de maior relevo, famoso pela sua ironia e pela crítica social sempre presente nos seus versos, António Aleixo também é recordado por ter sido simples, humilde e semi-analfabeto, e ainda assim ter deixado como legado uma obra poética singular no panorama literário português da primeira metade do século XX.

António Aleixo – “Três quadras”

04.11.2014 | Produção e voz: Luís Gaspar

povo14

A ninguém faltava o pão,
se este dever se cumprisse:
ganharmos em relação
com o que se produzisse.

Quem trabalha e mata a fome,
não come o pão de ninguém,
mas quem não trabalha e come,
come sempre o pão de alguém.

Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos que pode o povo
querer um mundo novo a sério.

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António Aleixo – “Quadras”

08.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

As águias de hoje na guerra,
Com os seus golpes traiçoeiros,
Queimam os pastos da terra…
Morrem de fome os cordeiros.

Da guerra os grandes culpados,
Que espalham a dor na terra,
São os menos acusados
Como culpados da guerra.

o oiro, o cobre e a prata,
Que correm p’lo mundo fora,
Servem sempre de arreata
p’ra levar burros à nora.

Que o mundo está mal, dizemos,
E vai de mal a pior;
E, afinal, nada fazemos
p’ra que ele seja melhor.

Se os homens chegam a ver
Por que razão se consomem,
O homem deixa de ser
O lobo do outro homem.

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