Rogério Martins Simões – “Em Sonho me Dependurei no Luar”

19.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Em sonho me dependurei no luar.
O luar quis acordar os nossos cios.
Ali estavas, desnudada no meu olhar,
Encandeando meus olhos luzidios.

Os sonhos soçobram ao acordar…
O luar distende o sonho em atavios.
Ai!, sereia espraiada no meu mar,
Esperando as águas dos meus rios…

Luar!, tapa-me os olhos e os dias:
Antes cego, que acordar e não ter,
Do que ver, e não ter o que vias….

Prendo, no sono, o sonho para te ver,
Fico cego se em mim não te sentir,
Fios de seda – não te deixem partir!

Facebooktwittermailby feather

Rogério Martins Simões – “Eternidade”

19.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Quando tu e eu saltávamos em andamento,
Numa corrida estreita, para a existência,
Havia um brilho, intenso, que cegava a escuridão externa.
 
Falávamos em língua redonda,
Imperceptível,
Que nos deixava latejar à distância do universo das palavras.
Éramos nada!
Éramos tudo!
Frequentávamos os mesmos colégios ricos,
Onde a riqueza se media pelo contágio,
Em resultado das vidas passadas.
 
Fazíamos parte de um grupo,
Sem forma,
Grandes aos sentidos,
E sabíamos que iríamos viajar em busca da luz.
Éramos uma luz ténue…
E procurávamos um brilho permanente.
 
Entrámos por uma porta estreita
Onde formas sem luz
Reproduziam uma língua quadrada,
Sem nexo, herança de uma Torre de Babel,
Que tivemos de aprender.
 
Estamos a ficar cansados!
Não importa…
Tomámos o caminho recto e certo
E partiremos na luz…
 
Falta pouco meu amor.
Uma eternidade nos espera…
 
Lisboa, 30 de Abril de 2009

Facebooktwittermailby feather

Rogério Martins Simões – “Voltei”

19.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Venho dos limites do tempo
De uma galáxia qualquer
Já fui mar, já fui vento
Agora sou pensamento
Aparado em dado momento
No ventre de uma mulher!

Meu corpo é magistral!
Brutal! Perfeito! Soberbo!
De inicio não era verbo
Agora sou o verbo ser

Tenho comigo segredos
Segredos do Universo
Transporto no corpo recados
Escrevo em forma de versos.
Venho dos limites do tempo
Não sei o que fui e sou:
Deserto? Nascente?
Já fui Norte, já fui Sul
Pó astral, mar azul!
Luar, estrela cadente.

Eu vou-me.. vou partir!
Partirei num cometa qualquer
E serei novamente pôr-do-sol.
cor-de-rosa, aloendro, malmequer!

Voltei…Já cá estou
Agora sou pensamento
Nascido em dado momento
Do ventre de uma mulher!

Facebooktwittermailby feather

Rogério Martins Simões – “Quisera andar de Carrossel”

19.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Quisera andar de carrossel
Com um sorriso de criança que ri
Rosto rebuçado, melaços de mel
Laivos da festa que resta em ti…

Num dedo prendo o balão,
Com outro seguro o corcel
Soco a bola com a mão
As mãos, o rosto e a testa
Besunto-me todo com mel.

Solta-se dos dedos o balão
Que voa a caminho do céu
-Mãe! Vai-me apanhar
Um sorriso igual ao seu…

-Meu filho a mãe não sabe!
Ler, nunca aprendeu:
A mãe vai procurar
O balão que se perdeu…

-Mãe que sabe escutar,
Meus choros em seu coração
Abençoada o seja minha mãe
Por tudo o que foi e me deu!

Rodopiam as lembranças da festa
Pára o movimento ondulante
Sujo-me de novo a cada instante…
Sem rebuçados com sabor a mel
Mas… Brinquei tanto no carrossel….

Facebooktwittermailby feather