Nota biográfica

Fernan Fernandez Cogomilho, grande magnate e privado de Afonso III, em cuja corte está atestado pelo menos desde 1253, e onde assina a maior parte dos documentos deste rei até 1277, ano da sua morte. Parece ter tomado, no entanto, o partido de D. Sancho II durante a guerra civil que levou o Bolonhês ao trono, já que se encontra em Toledo em 1248, quando o rei deposto redigiu o seu testamento. De regresso a Portugal, torna-se, de qualquer forma, homem de confiança de Afonso III ao longo de todo o seu reinado.

Fernão Fernandes Cogomilho – “Ai, minha senhora…”

01.04.2016 | Produção e voz: Luís Gaspar

cogomilho

Português moderno

Ai, minha senhora, lume dos olhos meus!
onde vos não vir, dizei-me, por Deus,
que farei eu, que vos sempre amei?

Pois me assim vi, onde vos vejo, morrer,
onde vos não vir, dizei-m’ uma coisa,
que farei eu, que vos sempre amei?

Eu, que nunca outrem soube servir
senão, senhora, vós, e, onde vos não vir,
que farei eu, que vos sempre amei?

Português antigo

Ay, mha senhor, lume dos olhos meus!
hu uos non uir, dizede-mi, por Deus,
que farey eu, que uos sempre amei?

Pois m’assi ui, hu uos uejo, morrer.
hu uos non uir, dizede-m’ ua ren,
que farey eu, que uos sempre amei?

Eu, que nunca outren soube seruir
se non, senhor, uós, e, hu uos non uir,
que farey eu, que uos sempre amei?

Este poema faz parte do iBook “Coletânea da Poesia Portuguesa – I Vol. Poesia Medieval”
disponível no iTunes.
Transcrição do Português antigo para o moderno de Deana Barroqueiro.

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