Fernando Pessoa – “Cleopatra”
15.01.2012
Na sombra Cleópatra jaz morta.
Chove.
Embandoiraram o barco de maneira errada.
Chove sempre.
Para que olhas tu a cidade longínqua?
Tua alma é a cidade longínqua.
Chove friamente.
E quanto à mãe que embala ao colo um filho morto—
Todos nós embalamos ao colo um filho morto.
Chove, chove.
O sorriso triste que sobra a teus lábios cansados,
Vejo-o no gesto com que os teus dedos não deixam os teus
[anéis.
Porque é que chove?
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