Nota biográfica

Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas (Póvoa de Atalaia, 19 de Janeiro de 1923 — Porto, 13 de Junho de 2005). Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as suas raras aparições públicas com «essa debilidade do coração que é a amizade».

Jorge Sousa Braga – “Aniversário” (para o Eugénio)

04.12.2015 | Produção e voz: Luís Gaspar

jorge_martins

Trouxe-te um ramo de frésias (não
eram essas as flores dos jardins de
Castelo Branco?)
embrulhadas em celofane por causa do
frio Trouxe-te um ramo de frésias já
que não te podia trazer um rio

Primavera 84

Poema de Jorge de Sousa Braga, ilustração de Jorge Martins, ambos retirados do livro “Aproximações a Eugénio de Andrade”, editado pela ASA com o patrocínio a BIAL, coordenação de José da Cruz Santos e Direção gráfica de Armando Alves.

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Jorge Sousa Braga – “As árvores e os livros”

09.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

As árvores como os livros têm folhas
     e margens lisas ou recortadas,
     e capas (isto é copas) e capítulos
     de flores e letras de oiro nas lombadas. 
E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras. 
As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas». 
É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.

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Jorge Sousa Braga – “Portugal”

09.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Captura de ecrã 2016-07-19, às 18.20.50

Portugal
Eu tenho vinte e dois anos e tu às vezes fazes-me sentir como se tivesse oitocentos
Que culpa tive eu que D. Sebastião fosse combater os infiéis ao norte de África
só porque não podia combatera doença que lhe atacava os órgãos genitais
e nunca mais voltasse
Quase chego a pensar que é tudo mentira, que o Infante D. Henrique foi uma invenção do Walt Disney
e o Nuno Álvares Pereira uma reles imitação do Príncipe Valente.
Portugal
Não imaginas o tesão que sinto quando ouço o hino nacional
(que os meus egrégios avós me perdoem)
Ontem estive a jogar póker com o velho do Restelo Anda na consulta externa do Júlio de Matos Deram-lhe uns electro-choques e está a recuperar àparte o facto de agora me tentar convencer que nos espera um futuro de rosas
Portugal
Um dia fechei-me no Mosteiro dos Jerónimos a ver se contraía a febre do Império
mas a única coisa que consegui apanhar foi um resfriado
Virei a Torre do Tombo do avesso sem lograr encontrar uma pétala que fosse
das rosas que Gil Eanes trouxe do Bojador Portugal
Se tivesse dinheiro comprava um Império e dava-to
Juro que era capaz de fazer isso só para te ver sorrir Portugal
Vou contar-te uma coisa que nunca contei a ninguém Sabes
Estou loucamente apaixonado por ti
Pergunto a mim mesmo
Como me pude apaixonar por um velho decrépito e idiota como tu
mas que tem o coração doce ainda mais doce que os pastéis de Tentugal
e o corpo cheio de pontos negros para poder espremer à minha vontade
Portugal estás a ouvir-me?
Eu nasci em mil novecentos e cinquenta e sete, Salazar estava no poder, nada de ressentimentos
o meu irmão esteve na guerra, tenho amigos que emigraram, nada de ressentimentos
um dia bebi vinagre, nada de ressentimentos
Portugal depois de ter salvo inúmeras vezes os Lusíadas a nado na piscina municipal de Braga
ia agora propor-te um projecto eminentemente nacional
Que fossemos todos a Ceuta à procura do olho que Camões lá deixou Portugal
Sabes de que cor são os meus olhos? São castanhos como os da minha mãe Portugal
gostava de te beijar muito apaixonadamente na boca

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Sétima HORA

02.07.2009 | Produção e voz: Luís Gaspar

Durante pouco mais de uma hora, podem-se ouvir poemas dos seguintes autores: Albano Martins, Alberto Caeiro, Alda Lara, Alexandre O’Neill, Amadeu Baptista, Álvaro Magalhães, Amália Rodrigues, António Lobo Antunes, Ana Luísa Amaral, António Ramos Rosa, António Aleixo, Bocage, Carlos Queirós, Carlos Reis, Edmundo Bettencourt, Eugénio de Andrade, Fernando Assis Pacheco, Graça Moura, Herberto Helder, J.T. Parreira, Jorge Sousa Braga, José Gomes Ferreira, Judith Teixeira, Luís de Camões e Manuel da Fonseca.

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Erótica 26 – Poemas hindus

17.05.2008 | Produção e voz: Luís Gaspar

O 4º programa deste espaço do Estúdio Raposa tinha por título “50 poemas – parte I” e era constituído por 25 de 50 (daí o título) poemas de amor recitados, segundo a lenda, por Bilhana, no sec XI d.C, enquanto subia os 50 degraus que o levavam ao cadafalso.
Se quiser ler o texto do programa enquanto o ouve, clique AQUI

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Erótica 04 – 50 Poemas (Parte I)

12.06.2007 | Produção e voz: Luís Gaspar

A Assírio & Alvim publicou um livrinho que além de ser uma preciosidade para quem aprecia poesia erótica, oferece um excelente pretexto para mais um programa neste audioblogue. Jorge Sousa Braga escreve a introdução e traduz os poemas. Só as gravuras que acompanham os poemas valem o livro. Espero que, com esta divulgação, os jovens ofereçam os “Cinquenta Poemas do Amor Furtivo” às namoradas e os cotas às senhoras de mais idade. Um poema erótico por dia só traz felicidade.

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053 – J.T. Parreira e Jorge Sousa Braga

21.07.2006 | Produção e voz: Luís Gaspar

Neste programa, voltamos, a pedido, às lendas de povos antigos e recordamos palavras de ouro de dois poetas: J.T. Parreira e Jorge Sousa Braga.
A música que acompanha a lenda é, como sempre, de Luís Pedro Fonseca e a que ilustra a poesia do “magnatune.com”

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