História 05 – “Cravo, Rosa e Jasmim”

19.12.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

História tradicional Portuguesa gravada em 2 de Fevereiro de 2006.

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História 03 – “O menino de Ouro”

16.12.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Repondo um a história gravada em 2.006.

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História 01 – “A Cara de Boi”

12.12.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

História tradicional Portuguesa, gravada e disponibilizada em 5 de Janeiro de 2006.

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História 177 – “O Mocho e o Lobo”

07.12.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

História 177 – O Mocho e o Lobo

O lobo andava no mato e o mocho estava em cima de um pinheiro no ninho.
O lobo enroscou o rabo no pinheiro como quem o queria serrar. O mocho de cima disse-lhe:
ó compadre, não me serres o pinheiro, senão os meus 
filhos caem abaixo e morrem.
Responde o lobo:
Pois se não queres que eu serre o pinheiro, anda tu cá
 abaixo.
O mocho não queria, mas afinal sempre veio vindo de galho em galho, e depois disse para o lobo:
Lobo, o que queres de mim?
O lobo respondeu:
Anda cá mais abaixo, que quero dizer-te um recado.
O mocho respondeu:
Diz daí, que eu ouço bem.
O lobo tornou a dizer:
Anda cá, que eu não te faço mal.
O mocho descuidou-se e desceu, e o lobo passou-lhe os dentes e meteu-o na boca.
O mocho de dentro da boca do lobo disse:
Eh! Compadre, não me comas, que eu quero fazer testamento!
O lobo disse-lhe:
Não, mas agora no galheiro estás tu.

Diz o mocho:
Então deixa-me ir despedir-me lá acima da árvore dos 
meus filhos.
O lobo disse:
Não, que, depois, nunca mais voltavas.

Disse então o mocho:
Olha, ao menos hás-de dizer três vezes, que é para eles
 saberem: Mocho comi.
O lobo disse muito baixinho, para não abrir a boca: Mocho comi.
O mocho disse-lhe:
ó compadre, fala mais alto, senão não ouvem.
O lobo tornou a repetir: Mocho comi, já mais alto. Responde o mocho:
Mais alto, senão eles não ouvem.
Nisto o lobo escachou a boca para gritar mais alto e dizer: Mocho comi.
O mocho, mal apanhou a boca aberta, abalou para cima do pinheiro e disse-lhe:
Outro sim, que não a mim.

Ouvimos a História 177, o Mocho e o Lobo.

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História 175 – “A águia, a gata e a porca”

11.07.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

História 175 – A águia, a gata e a porca.
D. Águia fizera a sua casa na ramaria mais alta de um carvalho.
Mais tarde, D. Gata Brava foi também habitar na mesma árvore, mas a meio dos troncos, e algum tempo depois foi a Sr.ª Porca que veio morar para a mesma árvore, instalando-se nas raízes, que cavou fundo, abrindo uma galeria.
D. Águia teve filhos, D. Gata também e as três famílias viviam satisfeitas e em paz no mesmo carvalho.
Um dia, porém, D. Gata Brava teve desejo de ser má e trepando pelos troncos chegou ao ponto mais alto da árvore onde morava a D. Águia e disse-lhe:
– Ó vizinha, eu não gosto de falar mal de ninguém, mas também não posso saber que está para acontecer mal a qualquer e não avisar.
– Mas diga, D. Gata – convidou a Águia.
– Sei que a Porca se instalou aqui na árvore com a ideia de ir roendo as raízes até que tudo venha abaixo, para depois assaltar as nossas casas e se banquetear com os nossos filhos. Venho avisar a D. Águia para se acautelar.
– Que marota, vizinha! Agora, já nem saio de casa, para defender os pequenos.
Mas, de casa da D. Águia, a Gata desceu a casa da Sr.” Porca.
– Ó vizinha!
– Que é, D. Gata?
– Ouvi agora uma conversa que me arrepiou e venho avisá-la.
– Então que há?
– A D. Águia, há bocado, estava a dizer aos filhos que os seus meninos são tão gordinhos e desenxovalhadinhos que se fazia com eles um bom jantar. Diz que logo que a senhora saia de casa…
– Ah! não me diga isso, D. Gata! Que horror!
– Pois é verdade, Srª Porca, acautele-se.
– Valha-me Deus! Nem eu saio de casa, para tomar conta dos miúdos…
– Eu vou fazer o mesmo com os meus filhos, vizinha, porque com gente desta na vizinhança não podemos estar sossegadas. Até logo!
– Até logo, D. Gata, e obrigado!
A Gata foi-se embora e a Porca ficou em casa, aflita, a pensar nas más intenções da Águia. Esta, por sua vez, ficou desesperada com a maldade da Porca, e, as duas, temendo-se uma à outra, nunca mais saíram de casa, para tomarem conta dos filhos.
Assim, não mais foram procurar comida e não mais puderam alimentar os filhos. Foram enfraquecendo todos até não se poderem mexer e, quando os apanhou assim, a Gata foi primeiro a casa de uma e depois a casa de outra e comeu a mãe e os filhos.
E, assim, a pobre D. Águia e a pobre Srª Porca foram vítimas da maldade da D. Gata, por terem acreditado nas suas mentiras.
Não há pior do que uma mentira!

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Lenda – “O Urso e o Tigre”

10.07.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Origem: Coreia

Quando a terra e o céu ainda não eram dois, quando os animais podiam falar como os humanos, um espírito divino chamado Hwan-in, rei dos céus orientais, governava essa parte da terra onde nasce a cada dia a manhã. Nesses tempos áureos moravam ainda cinco monstros nos quatro cantos da terra; o Dragão Azul sobre o Oriente, o Tigre Branco a Ocidente, a Fénix Vermelha no Sul e a Tartaruga e a Serpente no Norte. O rei enviou o seu filho Hwang-ung para Oriente e deu-lhe ordens para que lá construísse um novo reino.
Hwang-ung desceu sobre a terra acompanhado de três Grandes Espíritos Divinos: o Professor, criador das nuvens, o General, condutor dos ventos, e o Governador, gestor das chuvas. Outros três mil espíritos desceram à terra e Hwang-ung fê-los reunir em torno de uma grande árvore que descansava sobre o cume de uma montanha ainda maior. Fundaram aí uma nova nação que Hwang-ung governaria a partir de Shinshi, a cidade celeste que o vira crescer desde tempos imemoriais. Era um rei justo e sensato. A população vivia alegremente e a nação prosperava.
Não muito longe de Shinshi, numa gruta enorme junto a T’aebaek-san, viviam pacificamente um urso e um tigre da Sibéria. Dormitando, uma vez sobre as ervas da montanha, o urso e o tigre conversaram, não sem alguma inveja, sobre a prosperidade da nação de Hwang-ung e da raça humana que aí nascera. «Como desejava ser um homem e um fiel súbdito de Hwang-ung», confessou o urso. O tigre concordou e sugeriu então que se dirigissem ao próprio Hwang-ung e que a ele pedissem conselho. O rei disse-lhes que teria todo o prazer em recebê-los no seu reino, mas disse também que, para se tornarem homens, teriam de sobreviver a uma dura e paciente provação. Deveriam assim comer vinte dentes de alho cada um e com eles sobreviver a cem dias de reclusão no interior da sua gruta. Caso o conseguissem, tornar-se-iam homens com a bênção do rei.
O tigre e o urso aceitaram o desafio, mas sendo animais selvagens, habituados a vaguear livremente pelas montanhas, não tardou que a reclusão se lhes tornasse insuportável.
A sua força de vontade decaía e ao vigésimo dia, o tigre perdeu definitivamente a paciência que o rei lhes aconselhara. O urso ainda pediu ao tigre que se concentrasse no seu objectivo e que esquecesse a fome, mas de nada valeu. Esfomeado, o tigre abandonou a gruta em busca de alimento e é, desde então, o maior inimigo do homem sobre a terra. O urso, por seu turno, esforçou-se por resistir mais do que o seu amigo tigre. Lembrou-se do seu enorme desejo de se tornar humano e pensou para si mesmo que, estando ele habituado a hibernar, a tarefa até não seria tão difícil. Ao centésimo dia, ocorreu uma transformação maravilhosa; à medida que nascia a aurora, uma bela e formosa mulher emergiu da gruta escura e ofereceu-se, nua, ao ar fresco, onde ainda parecia mais bela.
Dirigiu-se aos céus e agradeceu a oferenda, seguindo para Shinshi, onde agradeceria ao rei a sua bênção. Deslumbrado com a sua nua beleza, o rei casou de imediato com Ung-yo, a-mulher-vinda-do-urso. Uniram-se junto à árvore de T’aebaek-san e aí veio à vida uma criança. Senhor das Árvores, a criança Tangun era o deus-homem que completava a divina trindade com Hawn-in, o deus-pai, e Hwang-ung, o espírito. Quando este último abandonou definitivamente a terra, Tangun expandiu o reino, ensinou ao seu povo as leis do deus-pai e tornou-se o primeiro rei da Coreia.

Trad.: Manuel João Magalhães

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História 173 – “Os dois companheiros”

23.06.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

História 173 – Os dois companheiros

Dois homens seguiam por uma estrada fora. Como se dirigiam para o mesmo sítio, tinham combinado ir juntos, para fazerem companhia um ao outro e para se ajudarem mutuamente nas surpresas da viagem.
A certa altura apareceu a um lado da estrada um machado abandonado, que o mais novo logo apanhou, dizendo muito contente:
Olha, achei um machado!
Não digas achei-a – conselhou o mais velho – diz achámos, uma vez que vimos juntos e que o que encontrarmos de bom ou de mau pelo caminho tem de ser para os dois.
Mas, isto é outra coisa – protestou o primeiro – porque quem viu o machado fui eu e eu é que o apanhei; portanto é meu e muito meu.
Estavam nisto quando viram na sua frente um homem muito mal-encarado. Era o dono do machado, e avançava para eles zangadíssimo.
Agora é que estamos mal – disse com medo o que tinha apanhado o machado.
Estamos, não —respondeu o outro – estás. Porque se quiseste só para ti o que era bom, também deves ficar sozinho com o que é mau. Os bons amigos conhecem-se por repartirem entre si tanto o mal como o bem. Adeus!
E afastou-se, deixando o outro sozinho na estrada.
E aqui termina a história dos dois companheiros

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História 171 – “A Raposa sem rabo”

07.06.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

História 171 – A Raposa sem rabo

A prima Raposa andava à caça. Era noite fechada e nenhum de nós veria um palmo adiante do nariz. Mas a prima Raposa sabia ver de noite e, por isso aproveitava essa hora para fazer as suas caçadas; de dia cuidava dos arranjos caseiros, do asseio da sua linda pele e sobretudo do seu lindo rabo. Tinha o maior orgulho nele, e, na verdade, a prima Raposa passava por ter uma das caudas mais bonitas da família e da vizinhança.
A caminho da capoeira próxima, a prima Raposa atravessou um quintal e outro e outro, e sem saber como, foi cair numa ratoeira de que ela nunca suspeitara e ficou presa pelo rabo.
— Isto só a mim me aconteceria! — começou ela a lamentar-se —. Mais me valia não ter rabo! Se aqui me deixo ficar é morte certa…
Mas, por mais que fizesse, nem o rabo se desprendia da ratoeira, nem esta vinha atrás do rabo. Porém, tanto puxou, na ânsia de se ver livre, que o ferro da ratoeira cortou-lhe o rabo e ela pôde fugir, sim, mas sem rabo: teve de lá deixá-lo.
Chegou a casa tristíssima, por se ver privada da coisa mais bela que possuía no seu corpo e ao ver as primas e os primos todos com o seu formoso complemento, ficou ainda mais triste e começou a sentir inveja. Todos tinham cauda — uma cauda tão linda! — menos ela! E além
disso passou a ser objecto de admiração: nunca tinham visto uma raposa sem rabo!
Mas então que foi isso?! — perguntavam eles —. Como foi que ficou sem cauda, prima?
Como foi que fiquei sem cauda, não! Porque é que a tirei! — emendou ela, resolvendo mentir, para não contar o que lhe acontecera.
Tirou-a?! — perguntaram todos espantados.
É a última moda — explicou ela —. É o que se usa agora entre as raposas distintas, da melhor sociedade. E vocês devem fazer o mesmo. Isso de rabo é uma moda antiga, que já só se vê entre os velhos…
Os primos e as primas mais jovens, zelosos da sua elegância, começaram a mirar-se com desgosto, convencidos de que a prima Raposa tinha razão. Mas uma parenta velha, que sabia perfeitamente como as coisas se tinham passado, falou no meio de todos à raposa der-rabada:
— Minha querida amiga, acredito na sua moda e nas conveniências dela, mas digo-lhe já que nós não cortaremos os nossos rabos. Se um dia nos encontrarmos na mesma situação em que a priminha se viu, então deitaremos fora o rabo, mas antes disso, não! Que os infelizes
como você queiram que os outros os acompanhem, compreende-se, mas que os outros se disponham a seguir a mesma sorte de um infeliz, é que não! Quando o mal por cá tocar, veremos… Fique lá sem o seu rabo, que nós tomaremos conta dos nossos, de forma a que continuem
bem inteirinhos…
É claro que a prima Raposa teve de calar-se e nunca mais quis convencer a família e os amigos de que o ideal era as raposas não usarem rabo.
E aqui termina a história da raposa que ficou sem rabo

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História 170 – “O conselho dos Ratos”

30.05.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

História 170 – O conselho dos ratos
O Sr. Gato Caçador fazia uma tal destruição na família dos ratos que eles andavam alarmadíssimos e apavorados.
– Por este andar não escapa nenhum de nós; nem um fica para amostra! Vamos todos parar ao bucho do Gato… – diziam uns para os outros em voz baixa, escondidos pelos cantos. – Que desgraçada situação a
nossa! Temos de tomar uma resolução.
E uma noite todos se reuniram em conselho, numa grande assembleia.
Caros amigos e companheiros de trabalho — começou o que tomara a presidência da mesa. – Encontramo-nos aqui reunidos para discutirmos um assunto de importância vital para a nossa existência. Trata-se da chacina que o Gato da casa anda a fazer em nós desde que veio
para cá. Temos de defender-nos dele, seja como for, e para trocarmos impressões a este respeito, para debatermos opiniões e apresentar sugestões, aqui nos reunimos hoje. Está aberta a sessão e vou dar a palavra a quem a pedir.
Todos os ratos e ratinhos começaram a falar, querendo ter a palavra ao mesmo tempo para apresentarem as suas ideias e os seus planos de defesa, que cada um supunha o melhor. O barulho e a confusão eram grandes e o presidente da assembleia teve que tocar a campainha várias vezes e de gritar para se fazer ouvir. Por fim estabeleceu-se a ordem e todos voltaram aos seus lugares, principiando, então, a apresentação e a defesa das ideias de cada um deles. Mas não havia maneira de aparecer um plano que merecesse a aprovação de todos. Em todos os planos havia uma falta ou um imprevisto, que os mais prudentes notavam e condenavam. Já começavam a desanimar de encontrar uma solução, quando o mais velho dos ratos, um grande rato quase calvo e tendo brancos ou poucos cabelos que lhe restavam, de óculos no nariz e boca desdentada, disse solenemente:
– Peço a palavra, Sr. Presidente!
– Queira falar, Sr. Rato Velho.
– Tenho um plano que me parece o melhor. Penduremos um guizo ao pescoço desse assassino Gato Caçador, e sempre que ele ande a rondar-nos, nós ouvimos tilintar o guizo e pomo-nos em fuga.
– Boa ideia! Boa ideia, Sr. Rato Velho! É o primeiro plano com jeito que aí aparece! – gritaram todos entusiasmados -.Bravo! Apoiado.
Esta ideia foi aprovada por unanimidade e todos retiraram para suas casas.
Iam todos andando pelos corredores a comentar e a discutir a ideia.
Uma coisa tão simples! E ainda não nos tinha ocorrido.
É verdade!
Mas olhem lá – disse o ratinho mais novo – vocês já pensaram qual de nós irá pôr-lhe o guizo ao pescoço?
É verdade! – exclamaram todos, parando, desanimados. Ainda não tínhamos pensado nisso! Quem se atreverá a aproximar-se do Gato e a pôr-lhe uma fita ao pescoço com o guizo!
Reconhecendo a sua fraqueza, os ratos lá foram indo, encolhidos, para as suas tocas, pensando que aquilo que é fácil de dizer é muitas vezes difícil de fazer.
E o Gato Caçador continuou a papá-los livremente.
E aqui acaba a história

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História 169 – “O Lobo e o Cordeiro”

22.05.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Num dia quente de Verão o Lobo saiu do covil e foi ao ribeiro beber, porque estava cheio de calor. O Cordeiro, que andava ali perto, atrás da mãe, teve sede e também foi ao ribeiro, colocando-se da parte de baixo, para onde a água corria.
– Sai daí! – gritou-lhe o Lobo, de mau humor. – Estás a sujar-me a água.
Eu, Sr. Lobo?! —respondeu-lhe o Cordeiro humildemente. – Como pode ser isso, se eu estou da parte de baixo da corrente?
– Pois se não me estás sujando a água agora, há já seis meses que me estragas as relvas e os prados onde eu costumo descansar depois das minhas caçadas.
– Isso também não é possível – tornou o Cordeirinho, a tremer – porque há seis meses não era eu nascido; nem dentes tenho ainda…
– Pois então, se não foste tu, foi o teu pai, o que no fim de contas vem a dar no mesmo.
E atirando-se ferozmente ao pobre Cordeirinho, o Lobo matou-o e comeu-o.
Quando a mãe Ovelha deu por falta do filho e soube do que se passara, baliu angustiadamente para as companheiras.
– Para os mal-intencionados como o lobo, nunca há inocentes como o meu filho. E a sua maior inocência foi tê-lo deixado roubar-lhe a vida por querer dar-lhe explicações. Aprendam, amigas, e quando virem um lobo não tentem chamá-lo à razão, porque perdem o tempo e se arriscam a morrer. Fujam!
E aqui acaba a história.

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História 167 – “O Cavalo e o Leão”

21.04.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

O Cavalo e o Leão.
Deitado, a meditar no jardim do seu palácio, rodeado de grandes e velhas árvores, o Sr. Leão recordava, cheio de cobiça, um belo cavalo que há já dias via a passear na campina.
«Quem me dera apanhá-lo! – pensava ele – gordo, desenxovalhado, bonito. Com ele eu fazia, pelo menos, dois jantares. Mas como hei-de conseguir aproximar-me, se ele foge logo que me vê?»
Tantas voltas deu à cabeça, a fim de achar uma solução para o caso, que lhe ocorreu um expediente, que lhe pareceu bom.
Levantou-se do seu descanso, saiu e ao primeiro vizinho que encontrou disse:
— Já sabe? Há dias que ando a aprender a tratar doenças e tanto tenho estudado que já sei fazer tudo quanto é preciso para curar um doente. Não tenho medo que me morra um doente na mão.
Ao segundo vizinho que encontrou contou a mesma história e a outro e a outro, até que em pouco tempo todos sabiam que o Sr. Leão tratava doenças e era já médico de fama.
E como só se falava daquele facto importante, o Cavalo depressa soube também, mas não acreditou na peta, como os outros, e tanto procurou a razão dela, que a encontrou: o Sr. Leão só queria aproximar-se dele, de forma que ele não fugisse. Jurou que se desforraria da manha do Leão e começou a andar sempre prevenido para tudo.
E uma bela tarde lá viu o Leão aproximar-se, muito vagaroso, cheio de majestade.
Boa tarde, amigo Cavalo – disse o Leão de longe. – Então como vai?
Menos mal, obrigado – respondeu o Cavalo.
Já deve saber que sou médico.
Já me disseram, já, e estou contentíssimo, porque há quase uma semana que trago um espinho num pé e gostaria que o Sr. Doutor mo tirasse o mais depressa possível.
Ora vamos lá ver isso, então – respondeu o médico feito à pressa, a pôr os óculos. – Mostre lá o pé.
É este – replicou o Cavalo voltando-se e estendendo-lhe uma das patas traseiras.
O médico improvisado agarrou-a e pôs-se a observá-la cuidadosamente, dizendo consigo: «Que rica ideia! Tenho-te na mão!»
Porém, ainda não tinham decorrido dois minutos, um tremendo coice do Cavalo assenta-lhe em cheio no nariz e fá-lo virar os pés pela cabeça.
Quando se refez do tombo e pôde entender o que se passara, já só viu o Cavalo ao longe, correndo à desfilada. Entretanto ele, o médico que sabia tratar todas as doenças, gemia com dores no nariz, de onde o sangue corria com abundância, e pensava que o culpado daquele valente coice fora só ele, porque o mau plano que fizera contra o Cavalo virara-se contra ele próprio.
E aqui acaba a história de “O Cavalo e o Leão”.

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História 167 – “O Leão e os 4 Touros”

14.04.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Quatro Touros bons amigos tinham por hábito andar sempre juntos. Saíam juntos, pastavam juntos, divertiam-se juntos.
O Leão, que morava nas proximidades, dava tratos à cabeça a ver se descobria a maneira de os fazer andar separados, cada um para seu lado, porque aquela união forte dos quatro impedia-o de atacar qualquer deles.
Se eu conseguisse apanhar um a jeito, de cada vez – dizia ele com os seus pêlos – tinha comida para uns poucos de dias sem me ralar nada. Mas assim… Com os quatro ao mesmo tempo é que eu não posso; davam conta de mim. Mas quem é que separa esses sócios, e de que maneira?!
O Leão tanto pensou, tanto espremeu os miolos, até que um dia se lembrou de um meio que lhe pareceu ótimo para dividir os quatro amigos. Foi ter com a Raposa e disse-lhe:
Já sabe, comadre, que os nossos quatro vizinhos Touros se desentenderam?
Sim? —indagou a Raposa, toda interessada.
É verdade. Começaram ontem a discutir por causa do sítio onde iriam hoje almoçar e às duas por três puseram-se a questionar e acabaram por se insultar uns aos outros. O mais velho, então, diz tão mal dos companheiros!
A Raposa correu a contar o sucedido ao Leopardo e ao Urso, estes passaram a outros e dentro de pouco tempo toda a floresta dizia de boca em boca o que o Leão e a Raposa iam contando acerca dos vizinhos Touros.
Poucas horas depois isto chegava aos ouvidos dos Touros e os quatro amigos puseram-se a pedir satisfações uns aos outros. «Disseram-me que tu disseste… – Não disse nada… – Ah! isso é que disseste…»
Então é que os quatro amigos se desarmonizaram. Ralharam, gritaram, ofenderam-se uns aos outros e acabaram por ir cada qual para seu sítio, separados pela primeira vez na vida.
Ora isto e o que o Leão queria era precisamente o mesmo… Atacou o primeiro que encontrou só e papou-o, ao segundo fez o mesmo, ao terceiro outro tanto e o quarto foi pelo mesmo caminho.
E os quatro amigos Touros, que tão felizes e tão fortes tinham sido enquanto viveram unidos, acabaram assim, miseravelmente, logo que acreditaram em intrigas e se isolaram uns dos outros.
«A união faz a força».
E aqui acaba a história.

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História 164 – “A Árvore e o Machado”

01.04.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Tombado ao pé das árvores estava um machado, triste e solitário, porque não tinha cabo.
— Que sou eu sem cabo…? — lastimava-se ele. — Uma
coisa inútil…
Compadecidas de tal situação, as árvores todas pediram ao Zambujeiro que estendesse um dos seus braços e oferecesse um cabo ao Machado. O Zambujeiro, que também tinha bons sentimentos, assim fez, e, lentamente, estendeu-lhe uma vara comprida e forte, que o Machado logo aproveitou, enfiando-se nela. E ficou todo contente, estendido no chão, a gozar a frescura das árvores amigas.
Eis que passa por ali um lenhador e, vendo o Machado pronto a servir, agarra-o e começa a derrubar as árvores e a cortar-lhes as ramadas.
As árvores, apavoradas, encolhiam-se umas contra as outras, tentando defender-se, mas nada podiam fazer: uma após outra iam sendo destruídas.
Desesperado, o velho Sobreiro disse para o Freixo:
— Só nós tivemos culpa do que está a acontecer, por
que favorecemos um inimigo. Se nunca tivéssemos dado
um cabo ao Machado, estaríamos livres do seu ataque.
Mas já era tarde para a árvores se arrependerem de ter dado armas ao próprio inimigo, porque nas mãos do lenhador o Machado continuava a rachar, a partir, a derrubar.
E aqui acaba a história.

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História 160 – “Lenda da Nazaré”

11.11.2011 | Produção e voz: Luís Gaspar

Quase todos conhecemos a lenda do Sítio da Nazaré, onde D. Fuas Roupinho foi salvo, no último minuto, de cair no precipício quando perseguia um veado. Valeu-lhe então a invocação que fez à Senhora da Nazaré. Essa, porém, é outra história que já foi contada neste programa.
Se queres ler a lenda ao mesmo tempo que a ouves, clica AQUI

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História 156 – “O Rei vai nu”

17.08.2011 | Produção e voz: Luís Gaspar

Depois de muitas semanas sem novidades, vou retomar a leitura das histórias e lendas. Porém, regresso com uma história que não é portuguesa, coisa rara por aqui, mas de autoria de um escritor dinamarquês, muito conhecido: Hans Christian Andersen.
Ele escreveu muitas histórias famosas como O Patinho Feio, A Pastora e o Limpa chaminés, O João Pateta e muitas outras e vamos ouvir neste programa, uma delas. Há muitas traduções, cada uma dando à mesma história, títulos diferentes: O Rei vai nu, As roupas novas do Imperador, O fato novo do Sultão, A vestimenta nova do imperador, etc., etc.
Até a história tem algumas pequenas diferenças. Vou ler uma versão que veio publicada no Clube das Histórias, numa adaptação da versão publicada pela Editora Ambar.
Vocês não conhecem o Clube das Histórias? Não acredito! Então, vão ao Google e procurem. Mas primeiro ouçam a história “As Roupas Novas do Imperador”, escrita por Hans Christian Andersen.
Se queres ler o texto da história clica AQUI.

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História 155 – “Lenda de Santarém”

25.01.2011 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vamos ouvir a lenda da fundação de Santarém, segundo o texto de Fernanda Frazão.
Santarém, à qual já se chamou «Varanda do Ribatejo», é uma cidade de antiquíssimo povoamento. Crê-se que a sua fundação remonta a uns dez séculos antes da era cristã.
Se quiseres ler o texto da história enquanto a ouves, clica AQUI

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História 154 – Estremoz

04.01.2011 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vamos ouvir como nasceu Estremoz, no texto de Fernando Frazão.
Estremoz, «vila notável e nobre, sempre leal», título que lhe foi concedido por D. Manuel I, é uma antiga povoação alentejana, por onde passaram todos os conquistadores da península, habitada desde tempos imemoriais.
Se queres ler o texto enquanto o ouves, clica AQUI.

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História 153 – “A Lenda dos Távoras”

15.12.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vamos ouvir outra lenda escrita por Fernanda Frazão: “A Lenda dos Távoras”
Os dois irmãos D. Tedo e D. Rausendo, que segundo a tradição eram descendentes de Ramiro II de Leão, são protagonistas de um ciclo lendário que busca as suas bases na reconquista cristã anterior à formação do reino de Portucale. A História porém não dá crédito à existência destes dois cavaleiros pelos quais frei Bernardo de Brito mostra um especial carinho na sua Monarquia Lusitana.

Se quiseres ler a história enquanto a ouves, clica AQUI.

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História 152 – “O Penedo do Sino”

07.12.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vamos ouvir mais uma lenda escrita por Fernanda Frazão que fui buscar ao seu trabalho “Lendas Portuguesas”
A pequena aldeia de Bustelo, que, como se sabe, fica no alto do monte a dois passos da Citânia, viveu em tempos idos um cabaneiro que possuía um enorme rebanho de ovelhas, entre as quais existia também uma preciosa cabrinha leiteira.

Se queres ler a história ao mesmo tempo que a ouves, clica AQUI.

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História 151 – “A bicha de sete cabeças”

29.11.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vamos ouvir uma história recolhida por Ataíde de Oliveira e intitulada “A bicha de sete cabeças”. Uma história com muitas lutas e mortes.
Havia um pescador muito pobre que todos os dias ia ao mar e somente pescava alguma sardinha e chicharro. De uma vez lançou as suas redes e pescou um enorme peixe.
— Não me mates e eu te darei muito peixe, disse o peixe grande.


Se quiseres ler a história ao mesmo tempo que a lês, clica AQUI.

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História 149 – “A filha do governador”

16.11.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vamos ouvir uma história recolhida por Ataíde de Oliveira e que fui buscar ao seu livro “Contos Tradicionais do Algarve”. Intitula-se “A filha do Governador”
Tinha um rei um governador de sua confiança.
Este governador casou e sua mulher faleceu quatro anos depois de dar à luz uma criança do sexo feminino.
Se quiseres ler a história ao mesmo tempo que a ouves, clica AQUI.

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História 148 – “A lenda do Santo Servo”

10.11.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Mais uma lenda registada por Fernanda Frazão, desta vez “A lenda do Santo Servo”
Na Câmara de Lobos, na ilha da Madeira, existe um antigo convento de franciscanos, o primeiro a ser construído fora do Funchal, conhecido como Convento de S. Bernardino.
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História 145 – “Lenda de Maia”

19.10.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

“Lenda de Maia” é o nome da lenda eu vamos ouvir, escrita por Fernanda Frazão.
Sobre as ruínas de uma antiga povoação, chamada em tempos longínquos Ammaya, nasceu, pela mão de D. Afonso III, a pequena jóia arquitetónica que é Portalegre. Diz-se que a antiga Ammaya foi destruída primitivamente pelos bárbaros do Norte, e mais tarde, arrasada pelos Mouros. O que dela restou então foi alternadamente habitado por mouros e cristãos nesses tempos da Reconquista, até que as populações abandonaram o local por demais devastado por algaradas e fossados.
Segundo uma velha lenda, Ammaya fora fundada, mil e trezentos anos antes de Cristo, em honra de Maia, filha de Lísias. Mas vejamos o que conta a tradição.
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História 144 – “A lenda da Serra da Estrela”

12.10.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Hoje, outra lenda escrita por Fernanda Frazão, “A Lenda da Serra da Estrela”
Era uma vez um jovem pastor que vivia numa longínqua aldeia. Por único amigo tinha um cachorrinho, que nas longas noites de solidão se deitava a seus pés sem esperar nenhum gesto, nenhuma palavra. Sofria este pastor de uma estranha inquietação: cismava alcançar uma serra enorme que via muito ao longe, ver as terras que existiriam para lá da muralha rochosa que constituía o seu horizonte desde que nascera. E muitas noites passava em claro, meditando nesse seu desejo infindável.
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História 141 – “A Pastora e o Limpa-chaminés”

06.09.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Mais um ano de escola e o Estúdio Raposa retoma a publicação das histórias. Para começar e contra o que é habitual não vamos ouvir uma história tradicional portuguesa. Vou contar-vos, assim como se fosse um presente pelo início das aulas, um conto do famoso escritor Hans Christian Anderson. Intitula-se “A Pastora e o Limpa-chaminés”

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História 139 – “O cão e a parede”

27.07.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vamos ouvir duas pequenas histórias recolhidas por Ataíde de Oliveira. 
A primeira chama-se “O cão e a parede” e a segunda, “Dois compadres”
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História 137 – “A Lenda de Mileu”

13.07.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Mais uma lenda recolhida por Fernanda Frazão: a Lenda de Mileu.

Perto de Estremoz existe uma localidade chamada Veiros que, em tempos medievais, foi bem mais importante do que aquela cidade. Situada num ponto alto, na margem da ribeira de Ana Loura, possuía um forte castelo, cuja primitiva edificação se terá devido aos Romanos.
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História 136 – “Duas perdizes”

06.07.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Porque são pequenas, vamos ouvir não uma, mas duas histórias. Fui busca-las às “Histórias tradicionais do Algarve” de Ataíde de Oliveira
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História 135 – “As Mouras do Rio Seco”

01.07.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Mais uma lenda recolhida por Fernanda Frazão e descoberta no seu livro “Lendas Portuguesas”.
Muito próximo de Faro existe o leito de um rio, o rio Seco, como lhe chamam as gentes, que é tido e havido como a principal sede de mouros e mouras encantados nos arredores daquela cidade. No tempo da conquista do Algarve, porém, ainda esse rio corria manso para o oceano, possibilitando a sua utilização plena pelos mouros da região, que, logicamente, o usaram para os seus encantamentos, como vamos ver.
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História 134 – “A Moura de Querença”

23.06.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vamos ouvir uma lenda do Algarve recolhida por Fernanda Frazão na sua obra “Lendas Portuguesas”.
Querença é uma pequena e antiga freguesia algarvia. Segundo uma velha crença da região, passou-se ali, em tempos recuados, uma história com uma moura encantada.
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