Nota biográfica

Os irmãos Grimm , Jacob (1785 – 1863) e Wilhelm (1786 – 1859), foram dois irmãos, ambos acadêmicos, linguistas, poetas e escritores que nasceram no então Condado de Hesse-Darmstadt, atual Alemanha. Os dois dedicaram-se ao registro de várias fábulas infantis, ganhando assim grande notoriedade, notoriedade essa que, gradativamente, tomou proporções globais.

Irmãos Grimm – “Os duendes e o sapateiro”

29.12.2014 | Produção e voz: Luís Gaspar

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Os irmãos Grimm , Jacob (1785 – 1863) e Wilhelm (1786 – 1859), foram dois irmãos, ambos acadêmicos, linguistas, poetas e escritores que nasceram no então Condado de Hesse-Darmstadt, atual Alemanha. Os dois dedicaram-se ao registro de várias fábulas infantis, ganhando assim grande notoriedade, notoriedade essa que, gradativamente, tomou proporções globais.

“Os duendes e o sapateiro” dos Irmão Grimm
Era uma vez um sapateiro que ficou tão pobre que só lhe restava um pedaço de couro. Com este pedaço de couro só dava para fazer um par de sapatos. Uma noite cortou-os com a intenção de costurá-los e acabar no dia seguinte. Deitou-se sossegado e adormeceu rapidamente. De manhã ao acordar decidiu ir ao trabalho.
Quando entrou na sala viu sobre a mesa o par de sapatos completamente acabado. Ficou espantado e sem saber o que pensar. Pegou nos sapatos e examinou-os estavam uma obra de arte.
Dali um tempo entrou um comprador que gostou tanto deles que até pagou mais do que era costume. Assim, o sapateiro pode comprar couro para fazer dois pares. Cortou-os à noite disposto a terminá-los no dia seguinte, mas não foi preciso porque quando se levantou já estavam acabados e não faltaram clientes que lhes dessem dinheiro suficiente para comprar couro para quatro pares de sapatos.
Na manhã seguinte estavam os quatro pares acabados e, daí em diante tudo o que deixava cortado encontrava pronto ao acordar. Assim, o sapateiro ganhou muito dinheiro, podendo até se considerar um homem rico.
Antes da noite de Natal decidiu com a mulher de ficarem á espreita para verem quem é que os ajudava. Ao bater da meia-noite apareceram dois engraçados duendes , nuzinhos que se puseram a trabalhar com tamanha agilidade e velocidade que só pararam quando tudo estava terminado.
Reconhecidos pelo que os duendes lhes tinham feito o sapateiro e a mulher decidiram costurar para cada um deles, uma camisa, um casaco, uns calções e também um par de sapatinhos. Quando acabaram puseram tudo em cima da mesa e esconderam-se para ver como os duendes recebiam a oferta. Á meia-noite eles chegaram dispostos a trabalhar, mas em vez de couro encontraram as prendas. A princípio ficararam espantados, mas logo ficaram muito contentes com as roupas.
Puseram-se a cantar e a dançar sobre a mesa e os bancos do sapateiro até desaparecerm pela porta. Os duendezinhos nunca mais apareceram na oficina do sapateiro, mas também nunca mais tiveram dificuldades. Ele e a mulher foram muito felizes e tiveram sempre êxito em tudo o que fizeram.

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História 05 – “Cravo, Rosa e Jasmim”

19.12.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

História tradicional Portuguesa gravada em 2 de Fevereiro de 2006.

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História 03 – “O menino de Ouro”

16.12.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Repondo um a história gravada em 2.006.

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História 177 – “O Mocho e o Lobo”

07.12.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

História 177 – O Mocho e o Lobo

O lobo andava no mato e o mocho estava em cima de um pinheiro no ninho.
O lobo enroscou o rabo no pinheiro como quem o queria serrar. O mocho de cima disse-lhe:
ó compadre, não me serres o pinheiro, senão os meus 
filhos caem abaixo e morrem.
Responde o lobo:
Pois se não queres que eu serre o pinheiro, anda tu cá
 abaixo.
O mocho não queria, mas afinal sempre veio vindo de galho em galho, e depois disse para o lobo:
Lobo, o que queres de mim?
O lobo respondeu:
Anda cá mais abaixo, que quero dizer-te um recado.
O mocho respondeu:
Diz daí, que eu ouço bem.
O lobo tornou a dizer:
Anda cá, que eu não te faço mal.
O mocho descuidou-se e desceu, e o lobo passou-lhe os dentes e meteu-o na boca.
O mocho de dentro da boca do lobo disse:
Eh! Compadre, não me comas, que eu quero fazer testamento!
O lobo disse-lhe:
Não, mas agora no galheiro estás tu.

Diz o mocho:
Então deixa-me ir despedir-me lá acima da árvore dos 
meus filhos.
O lobo disse:
Não, que, depois, nunca mais voltavas.

Disse então o mocho:
Olha, ao menos hás-de dizer três vezes, que é para eles
 saberem: Mocho comi.
O lobo disse muito baixinho, para não abrir a boca: Mocho comi.
O mocho disse-lhe:
ó compadre, fala mais alto, senão não ouvem.
O lobo tornou a repetir: Mocho comi, já mais alto. Responde o mocho:
Mais alto, senão eles não ouvem.
Nisto o lobo escachou a boca para gritar mais alto e dizer: Mocho comi.
O mocho, mal apanhou a boca aberta, abalou para cima do pinheiro e disse-lhe:
Outro sim, que não a mim.

Ouvimos a História 177, o Mocho e o Lobo.

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História 173 – “Os dois companheiros”

23.06.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

História 173 – Os dois companheiros

Dois homens seguiam por uma estrada fora. Como se dirigiam para o mesmo sítio, tinham combinado ir juntos, para fazerem companhia um ao outro e para se ajudarem mutuamente nas surpresas da viagem.
A certa altura apareceu a um lado da estrada um machado abandonado, que o mais novo logo apanhou, dizendo muito contente:
Olha, achei um machado!
Não digas achei-a – conselhou o mais velho – diz achámos, uma vez que vimos juntos e que o que encontrarmos de bom ou de mau pelo caminho tem de ser para os dois.
Mas, isto é outra coisa – protestou o primeiro – porque quem viu o machado fui eu e eu é que o apanhei; portanto é meu e muito meu.
Estavam nisto quando viram na sua frente um homem muito mal-encarado. Era o dono do machado, e avançava para eles zangadíssimo.
Agora é que estamos mal – disse com medo o que tinha apanhado o machado.
Estamos, não —respondeu o outro – estás. Porque se quiseste só para ti o que era bom, também deves ficar sozinho com o que é mau. Os bons amigos conhecem-se por repartirem entre si tanto o mal como o bem. Adeus!
E afastou-se, deixando o outro sozinho na estrada.
E aqui termina a história dos dois companheiros

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História 171 – “A Raposa sem rabo”

07.06.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

História 171 – A Raposa sem rabo

A prima Raposa andava à caça. Era noite fechada e nenhum de nós veria um palmo adiante do nariz. Mas a prima Raposa sabia ver de noite e, por isso aproveitava essa hora para fazer as suas caçadas; de dia cuidava dos arranjos caseiros, do asseio da sua linda pele e sobretudo do seu lindo rabo. Tinha o maior orgulho nele, e, na verdade, a prima Raposa passava por ter uma das caudas mais bonitas da família e da vizinhança.
A caminho da capoeira próxima, a prima Raposa atravessou um quintal e outro e outro, e sem saber como, foi cair numa ratoeira de que ela nunca suspeitara e ficou presa pelo rabo.
— Isto só a mim me aconteceria! — começou ela a lamentar-se —. Mais me valia não ter rabo! Se aqui me deixo ficar é morte certa…
Mas, por mais que fizesse, nem o rabo se desprendia da ratoeira, nem esta vinha atrás do rabo. Porém, tanto puxou, na ânsia de se ver livre, que o ferro da ratoeira cortou-lhe o rabo e ela pôde fugir, sim, mas sem rabo: teve de lá deixá-lo.
Chegou a casa tristíssima, por se ver privada da coisa mais bela que possuía no seu corpo e ao ver as primas e os primos todos com o seu formoso complemento, ficou ainda mais triste e começou a sentir inveja. Todos tinham cauda — uma cauda tão linda! — menos ela! E além
disso passou a ser objecto de admiração: nunca tinham visto uma raposa sem rabo!
Mas então que foi isso?! — perguntavam eles —. Como foi que ficou sem cauda, prima?
Como foi que fiquei sem cauda, não! Porque é que a tirei! — emendou ela, resolvendo mentir, para não contar o que lhe acontecera.
Tirou-a?! — perguntaram todos espantados.
É a última moda — explicou ela —. É o que se usa agora entre as raposas distintas, da melhor sociedade. E vocês devem fazer o mesmo. Isso de rabo é uma moda antiga, que já só se vê entre os velhos…
Os primos e as primas mais jovens, zelosos da sua elegância, começaram a mirar-se com desgosto, convencidos de que a prima Raposa tinha razão. Mas uma parenta velha, que sabia perfeitamente como as coisas se tinham passado, falou no meio de todos à raposa der-rabada:
— Minha querida amiga, acredito na sua moda e nas conveniências dela, mas digo-lhe já que nós não cortaremos os nossos rabos. Se um dia nos encontrarmos na mesma situação em que a priminha se viu, então deitaremos fora o rabo, mas antes disso, não! Que os infelizes
como você queiram que os outros os acompanhem, compreende-se, mas que os outros se disponham a seguir a mesma sorte de um infeliz, é que não! Quando o mal por cá tocar, veremos… Fique lá sem o seu rabo, que nós tomaremos conta dos nossos, de forma a que continuem
bem inteirinhos…
É claro que a prima Raposa teve de calar-se e nunca mais quis convencer a família e os amigos de que o ideal era as raposas não usarem rabo.
E aqui termina a história da raposa que ficou sem rabo

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História 170 – “O conselho dos Ratos”

30.05.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

História 170 – O conselho dos ratos
O Sr. Gato Caçador fazia uma tal destruição na família dos ratos que eles andavam alarmadíssimos e apavorados.
– Por este andar não escapa nenhum de nós; nem um fica para amostra! Vamos todos parar ao bucho do Gato… – diziam uns para os outros em voz baixa, escondidos pelos cantos. – Que desgraçada situação a
nossa! Temos de tomar uma resolução.
E uma noite todos se reuniram em conselho, numa grande assembleia.
Caros amigos e companheiros de trabalho — começou o que tomara a presidência da mesa. – Encontramo-nos aqui reunidos para discutirmos um assunto de importância vital para a nossa existência. Trata-se da chacina que o Gato da casa anda a fazer em nós desde que veio
para cá. Temos de defender-nos dele, seja como for, e para trocarmos impressões a este respeito, para debatermos opiniões e apresentar sugestões, aqui nos reunimos hoje. Está aberta a sessão e vou dar a palavra a quem a pedir.
Todos os ratos e ratinhos começaram a falar, querendo ter a palavra ao mesmo tempo para apresentarem as suas ideias e os seus planos de defesa, que cada um supunha o melhor. O barulho e a confusão eram grandes e o presidente da assembleia teve que tocar a campainha várias vezes e de gritar para se fazer ouvir. Por fim estabeleceu-se a ordem e todos voltaram aos seus lugares, principiando, então, a apresentação e a defesa das ideias de cada um deles. Mas não havia maneira de aparecer um plano que merecesse a aprovação de todos. Em todos os planos havia uma falta ou um imprevisto, que os mais prudentes notavam e condenavam. Já começavam a desanimar de encontrar uma solução, quando o mais velho dos ratos, um grande rato quase calvo e tendo brancos ou poucos cabelos que lhe restavam, de óculos no nariz e boca desdentada, disse solenemente:
– Peço a palavra, Sr. Presidente!
– Queira falar, Sr. Rato Velho.
– Tenho um plano que me parece o melhor. Penduremos um guizo ao pescoço desse assassino Gato Caçador, e sempre que ele ande a rondar-nos, nós ouvimos tilintar o guizo e pomo-nos em fuga.
– Boa ideia! Boa ideia, Sr. Rato Velho! É o primeiro plano com jeito que aí aparece! – gritaram todos entusiasmados -.Bravo! Apoiado.
Esta ideia foi aprovada por unanimidade e todos retiraram para suas casas.
Iam todos andando pelos corredores a comentar e a discutir a ideia.
Uma coisa tão simples! E ainda não nos tinha ocorrido.
É verdade!
Mas olhem lá – disse o ratinho mais novo – vocês já pensaram qual de nós irá pôr-lhe o guizo ao pescoço?
É verdade! – exclamaram todos, parando, desanimados. Ainda não tínhamos pensado nisso! Quem se atreverá a aproximar-se do Gato e a pôr-lhe uma fita ao pescoço com o guizo!
Reconhecendo a sua fraqueza, os ratos lá foram indo, encolhidos, para as suas tocas, pensando que aquilo que é fácil de dizer é muitas vezes difícil de fazer.
E o Gato Caçador continuou a papá-los livremente.
E aqui acaba a história

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História 169 – “O Lobo e o Cordeiro”

22.05.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Num dia quente de Verão o Lobo saiu do covil e foi ao ribeiro beber, porque estava cheio de calor. O Cordeiro, que andava ali perto, atrás da mãe, teve sede e também foi ao ribeiro, colocando-se da parte de baixo, para onde a água corria.
– Sai daí! – gritou-lhe o Lobo, de mau humor. – Estás a sujar-me a água.
Eu, Sr. Lobo?! —respondeu-lhe o Cordeiro humildemente. – Como pode ser isso, se eu estou da parte de baixo da corrente?
– Pois se não me estás sujando a água agora, há já seis meses que me estragas as relvas e os prados onde eu costumo descansar depois das minhas caçadas.
– Isso também não é possível – tornou o Cordeirinho, a tremer – porque há seis meses não era eu nascido; nem dentes tenho ainda…
– Pois então, se não foste tu, foi o teu pai, o que no fim de contas vem a dar no mesmo.
E atirando-se ferozmente ao pobre Cordeirinho, o Lobo matou-o e comeu-o.
Quando a mãe Ovelha deu por falta do filho e soube do que se passara, baliu angustiadamente para as companheiras.
– Para os mal-intencionados como o lobo, nunca há inocentes como o meu filho. E a sua maior inocência foi tê-lo deixado roubar-lhe a vida por querer dar-lhe explicações. Aprendam, amigas, e quando virem um lobo não tentem chamá-lo à razão, porque perdem o tempo e se arriscam a morrer. Fujam!
E aqui acaba a história.

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História 168 – “A Raposa e o Camponês”

10.05.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Algum tempo depois a Sra Raposa viu-se nos mesmos trabalhos: uma matilha de cães de caça perseguia-a e desta vez, nem uma moita de espinheiro lhe aparecia para se esconder. Sentia-se já a cair de cansada por ter corrido tanto, quando teve a sorte de ver um camponês à porta de sua casa:
Bom homem! – pediu ela aflita – tenha pena de mim, que venho a correr há tanto tempo, perseguida por uns cães. Deixe-me esconder no seu celeiro!
Esconde-te à vontade, Raposa! – consentiu o camponês.
A Raposa entrou logo no celeiro e ocultou-se bem, debaixo de uns sacos, atrás dos montes de trigo. Os cães vieram a ladrar e atrás deles os caçadores, que perguntaram ao dono do celeiro:
– Não viu passar por aqui a Raposa?
Ouvindo a pergunta, a Sra. Raposa pôs-se a espreitar para ver o que eles faziam. E ouviu o Camponês responder: – Ná, não senhor, não vi passar nenhuma raposa por aqui.
Mas ao mesmo tempo indicava o celeiro com a mão, fazendo um gesto que significava:
– Está ali dentro do celeiro. Se quiserem vão lá apanhá-la.
Os caçadores é que não entenderam ou não repararam no gesto e seguiram para diante. A Raposa, então, saiu do seu esconderijo e pôs-se a andar a caminho da mata.
– Pst! Pst! ó Sra. Raposa — chamou o Camponês.- Que uso é esse de receber um favor tão grande como o que eu lhe fiz agora e pôr-se a andar sem ao menos dizer obrigada?!
A Raposa pôs-se a rir.
– Boa ideia, amigo! Tenho a agradecer-lhe as palavras que disse, é certo, mas como nada lhe devo pelo gesto que fez, estamos pagos!
E a Raposa, espertalhona, lá foi a correr para a mata, onde se escondeu.

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História 167 – “O Leão e os 4 Touros”

14.04.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Quatro Touros bons amigos tinham por hábito andar sempre juntos. Saíam juntos, pastavam juntos, divertiam-se juntos.
O Leão, que morava nas proximidades, dava tratos à cabeça a ver se descobria a maneira de os fazer andar separados, cada um para seu lado, porque aquela união forte dos quatro impedia-o de atacar qualquer deles.
Se eu conseguisse apanhar um a jeito, de cada vez – dizia ele com os seus pêlos – tinha comida para uns poucos de dias sem me ralar nada. Mas assim… Com os quatro ao mesmo tempo é que eu não posso; davam conta de mim. Mas quem é que separa esses sócios, e de que maneira?!
O Leão tanto pensou, tanto espremeu os miolos, até que um dia se lembrou de um meio que lhe pareceu ótimo para dividir os quatro amigos. Foi ter com a Raposa e disse-lhe:
Já sabe, comadre, que os nossos quatro vizinhos Touros se desentenderam?
Sim? —indagou a Raposa, toda interessada.
É verdade. Começaram ontem a discutir por causa do sítio onde iriam hoje almoçar e às duas por três puseram-se a questionar e acabaram por se insultar uns aos outros. O mais velho, então, diz tão mal dos companheiros!
A Raposa correu a contar o sucedido ao Leopardo e ao Urso, estes passaram a outros e dentro de pouco tempo toda a floresta dizia de boca em boca o que o Leão e a Raposa iam contando acerca dos vizinhos Touros.
Poucas horas depois isto chegava aos ouvidos dos Touros e os quatro amigos puseram-se a pedir satisfações uns aos outros. «Disseram-me que tu disseste… – Não disse nada… – Ah! isso é que disseste…»
Então é que os quatro amigos se desarmonizaram. Ralharam, gritaram, ofenderam-se uns aos outros e acabaram por ir cada qual para seu sítio, separados pela primeira vez na vida.
Ora isto e o que o Leão queria era precisamente o mesmo… Atacou o primeiro que encontrou só e papou-o, ao segundo fez o mesmo, ao terceiro outro tanto e o quarto foi pelo mesmo caminho.
E os quatro amigos Touros, que tão felizes e tão fortes tinham sido enquanto viveram unidos, acabaram assim, miseravelmente, logo que acreditaram em intrigas e se isolaram uns dos outros.
«A união faz a força».
E aqui acaba a história.

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História 164 – “A Árvore e o Machado”

01.04.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

Tombado ao pé das árvores estava um machado, triste e solitário, porque não tinha cabo.
— Que sou eu sem cabo…? — lastimava-se ele. — Uma
coisa inútil…
Compadecidas de tal situação, as árvores todas pediram ao Zambujeiro que estendesse um dos seus braços e oferecesse um cabo ao Machado. O Zambujeiro, que também tinha bons sentimentos, assim fez, e, lentamente, estendeu-lhe uma vara comprida e forte, que o Machado logo aproveitou, enfiando-se nela. E ficou todo contente, estendido no chão, a gozar a frescura das árvores amigas.
Eis que passa por ali um lenhador e, vendo o Machado pronto a servir, agarra-o e começa a derrubar as árvores e a cortar-lhes as ramadas.
As árvores, apavoradas, encolhiam-se umas contra as outras, tentando defender-se, mas nada podiam fazer: uma após outra iam sendo destruídas.
Desesperado, o velho Sobreiro disse para o Freixo:
— Só nós tivemos culpa do que está a acontecer, por
que favorecemos um inimigo. Se nunca tivéssemos dado
um cabo ao Machado, estaríamos livres do seu ataque.
Mas já era tarde para a árvores se arrependerem de ter dado armas ao próprio inimigo, porque nas mãos do lenhador o Machado continuava a rachar, a partir, a derrubar.
E aqui acaba a história.

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História 162 – O Rato da Cidade e o Rato do Campo

19.03.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar

O Sr. Rato da Cidade foi um dia visitar o seu amigo Rato do Campo, que o tinha convidado a passar uma tarde com ele. Habituado ao conforto da casa da cidade em que vivia, o Sr. Rato da Cidade não gostou do buraco pobre, sem tapetes nem asseio, em que morava o seu amigo Rato do Campo. Este, coitado, bem fez tudo para lhe agradar, mas o Rato da Cidade mostrava-se cada vez mais enjoado com o que via.
Ao jantar, o Rato do Campo trouxe-lhe o que tinha de melhor: uns pedacinhos de queijo velho, uns bocados de pão, uma batata, raízes e alguma fruta. Ofereceu tudo ao amigo e ele pôs-se a roer uma palha dura e a aproveitar as migalhas que caíam.
Depois de comer, o Rato da Cidade disse ao amigo, com ar importante:
— Sabes que mais? Não sei como podes viver assim. Aqui não há comer, não há nada. Eu, no teu lugar, dizia adeus a esta miséria e ia para a cidade. Lá é que é viver! Com boa comida e boa toca; é um vida regalada!
O pobre Rato do Campo, envergonhado com a sua pobreza e seduzido com as belezas de que o amigo lhe falava, resolveu ir com ele para a cidade.
Quando lá chegou e entrou na casa onde o Rato da Cidade tinha a sua toca, ficou admirado com a riqueza que via e com os tapetes em que se afundava ao passar. Por toda a parte havia boas comidas e com fartura.
Contentíssimo, o Rato do Campo regalou-se a comer do melhor que encontrava, e o outro ria-se de o ver tão palerma no meio daquilo tudo.
Estavam os dois no melhor da festa, a comer e a rir, quando aparece um grande gato, que se atira a eles de um pulo. O da casa depressa enfiou para o seu buraco e fugiu ao gato. Mas o do campo, coitadinho! Aos saltos e às corridas, sem conhecer a casa, lá se escondeu do gato conforme pôde.
Quando o gato desistiu de apanhá-los e o susto passou, o pobre ratinho saiu do seu esconderijo e foi falar com o outro à porta da casa dele.
— Vou-me embora, amigo. Isto pode ser muito bom e muito bonito, melhor do que a minha casa pobrezinha, mas é perigoso.
Lá na minha casa como do que posso e quando há, mas estou descansado. Passa muito bem, que eu contento-me com o que tenho. Antes magro no mato do que gordo na boca do gato.
E voltou a correr para a sua casa.

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História 156 – “O Rei vai nu”

17.08.2011 | Produção e voz: Luís Gaspar

Depois de muitas semanas sem novidades, vou retomar a leitura das histórias e lendas. Porém, regresso com uma história que não é portuguesa, coisa rara por aqui, mas de autoria de um escritor dinamarquês, muito conhecido: Hans Christian Andersen.
Ele escreveu muitas histórias famosas como O Patinho Feio, A Pastora e o Limpa chaminés, O João Pateta e muitas outras e vamos ouvir neste programa, uma delas. Há muitas traduções, cada uma dando à mesma história, títulos diferentes: O Rei vai nu, As roupas novas do Imperador, O fato novo do Sultão, A vestimenta nova do imperador, etc., etc.
Até a história tem algumas pequenas diferenças. Vou ler uma versão que veio publicada no Clube das Histórias, numa adaptação da versão publicada pela Editora Ambar.
Vocês não conhecem o Clube das Histórias? Não acredito! Então, vão ao Google e procurem. Mas primeiro ouçam a história “As Roupas Novas do Imperador”, escrita por Hans Christian Andersen.
Se queres ler o texto da história clica AQUI.

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História 152 – “O Penedo do Sino”

07.12.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vamos ouvir mais uma lenda escrita por Fernanda Frazão que fui buscar ao seu trabalho “Lendas Portuguesas”
A pequena aldeia de Bustelo, que, como se sabe, fica no alto do monte a dois passos da Citânia, viveu em tempos idos um cabaneiro que possuía um enorme rebanho de ovelhas, entre as quais existia também uma preciosa cabrinha leiteira.

Se queres ler a história ao mesmo tempo que a ouves, clica AQUI.

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História 151 – “A bicha de sete cabeças”

29.11.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vamos ouvir uma história recolhida por Ataíde de Oliveira e intitulada “A bicha de sete cabeças”. Uma história com muitas lutas e mortes.
Havia um pescador muito pobre que todos os dias ia ao mar e somente pescava alguma sardinha e chicharro. De uma vez lançou as suas redes e pescou um enorme peixe.
— Não me mates e eu te darei muito peixe, disse o peixe grande.


Se quiseres ler a história ao mesmo tempo que a lês, clica AQUI.

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História 148 – “A lenda do Santo Servo”

10.11.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Mais uma lenda registada por Fernanda Frazão, desta vez “A lenda do Santo Servo”
Na Câmara de Lobos, na ilha da Madeira, existe um antigo convento de franciscanos, o primeiro a ser construído fora do Funchal, conhecido como Convento de S. Bernardino.
Se queres ler a história enquanto a ouves, clica AQUI

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História 147 – A lenda de Seteais

03.11.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vamos ouvir a lenda de Seteais, uma recolha de Fernanda Frazão.

Seteais é um dos mais belos recantos da serra de Sintra.

Quando, em 1147, Afonso Henriques e os cruzados estrangeiros conquistaram Lisboa, Sintra rendeu-se sem resistência, porque ficava a partir de então isolada do restante território árabe. Os mouros da localidade alcançaram continuar em paz na região, que, tal como agora, era fertilíssima e agradável.
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História 146 – “A rainha infiel”

25.10.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vamos ouvir, neste programa, a história “A Rainha Infiel”, que fui buscar ao livro de Xavier Ataíde de Oliveira, “Histórias tradicionais do Algarve”
Havia uma viúva muito pobre, que tinha uma filha, que trabalhava em serviços de costura. Um dia, estava ausente sua mãe, foi ela ao quintal e assomou-se a um poço.
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História 145 – “Lenda de Maia”

19.10.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

“Lenda de Maia” é o nome da lenda eu vamos ouvir, escrita por Fernanda Frazão.
Sobre as ruínas de uma antiga povoação, chamada em tempos longínquos Ammaya, nasceu, pela mão de D. Afonso III, a pequena jóia arquitetónica que é Portalegre. Diz-se que a antiga Ammaya foi destruída primitivamente pelos bárbaros do Norte, e mais tarde, arrasada pelos Mouros. O que dela restou então foi alternadamente habitado por mouros e cristãos nesses tempos da Reconquista, até que as populações abandonaram o local por demais devastado por algaradas e fossados.
Segundo uma velha lenda, Ammaya fora fundada, mil e trezentos anos antes de Cristo, em honra de Maia, filha de Lísias. Mas vejamos o que conta a tradição.
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História 144 – “A lenda da Serra da Estrela”

12.10.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Hoje, outra lenda escrita por Fernanda Frazão, “A Lenda da Serra da Estrela”
Era uma vez um jovem pastor que vivia numa longínqua aldeia. Por único amigo tinha um cachorrinho, que nas longas noites de solidão se deitava a seus pés sem esperar nenhum gesto, nenhuma palavra. Sofria este pastor de uma estranha inquietação: cismava alcançar uma serra enorme que via muito ao longe, ver as terras que existiriam para lá da muralha rochosa que constituía o seu horizonte desde que nascera. E muitas noites passava em claro, meditando nesse seu desejo infindável.
Se queres ler a história enquanto a ouves, clica AQUI.

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História 142 – Santiago e o Caio

22.09.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vamos ouvir uma lenda escrita por Fernanda Frazão, “Santiago e o Caio”
A lenda que vou contar anda ligada a uma antiga família de Portugal, os Pimentéis de Trás-os-Montes. Consta que este apelido de Pimentel procedeu de uma alcunha imposta pelo rei Afonso III, por volta do ano de 1260, a um moço fidalgo chamado Vasco Martins de Navais, que se evidenciou pela esperteza e celeridade que em tudo mostrava.
Se queres ler a história enquanto a ouves, clica AQUI

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História 141 – “A Pastora e o Limpa-chaminés”

06.09.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Mais um ano de escola e o Estúdio Raposa retoma a publicação das histórias. Para começar e contra o que é habitual não vamos ouvir uma história tradicional portuguesa. Vou contar-vos, assim como se fosse um presente pelo início das aulas, um conto do famoso escritor Hans Christian Anderson. Intitula-se “A Pastora e o Limpa-chaminés”

Se quiseres ler a história enquanto a ouves, clica AQUI.

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História 140 – “A moura do Castelo de Tavira”

05.08.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Uma lenda recolhida por Fernanda Frazão: “A moura do Castelo de Tavira”

A noite de S. João é, como toda a gente sabe, noite de mouras encantadas. Segundo uma antiga tradição, vinda do tempo longínquo da conquista do Algarve, há em Tavira uma moura que, à meia-noite da noite de S. João, aparece nas ameias do castelo chorando a sua triste sina de encantada.
Se queres ler a história enquanto a ouves, clica AQUI.

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História 139 – “O cão e a parede”

27.07.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vamos ouvir duas pequenas histórias recolhidas por Ataíde de Oliveira. 
A primeira chama-se “O cão e a parede” e a segunda, “Dois compadres”
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“Peregrinação” – Fernão M. Pinto – VIII Capítulo

21.07.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vinte e quatro dias, durante os quais convalesceram os feridos, nos demorámos no rio de Tinlau. Partimos, em seguida, para invernar em Liampó, mas no caminho à altura da ponta de Micuí, fomos apanhados por um temporal de grossos chuveiros e mares procelosos, tão medonho, que as embarcações da nossa pequena armada se perderam logo da vista umas das outras.

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História 138 – “Aninha-a-Pastora”

20.07.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Hoje, mais uma lenda: Aninha-a-Pastora.
Conta a lenda que há muito tempo, talvez no tempo dos afonsinhos, apareceu no vale do Jamor uma pastorinha com o seu rebanho. Ninguém sabia donde ela viera, mas também a ninguém interessava saber. E a pastora por ali ficou, achando o local propício para si e para as suas ovelhas.

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História 137 – “A Lenda de Mileu”

13.07.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Mais uma lenda recolhida por Fernanda Frazão: a Lenda de Mileu.

Perto de Estremoz existe uma localidade chamada Veiros que, em tempos medievais, foi bem mais importante do que aquela cidade. Situada num ponto alto, na margem da ribeira de Ana Loura, possuía um forte castelo, cuja primitiva edificação se terá devido aos Romanos.
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História 136 – “Duas perdizes”

06.07.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Porque são pequenas, vamos ouvir não uma, mas duas histórias. Fui busca-las às “Histórias tradicionais do Algarve” de Ataíde de Oliveira
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História 135 – “As Mouras do Rio Seco”

01.07.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Mais uma lenda recolhida por Fernanda Frazão e descoberta no seu livro “Lendas Portuguesas”.
Muito próximo de Faro existe o leito de um rio, o rio Seco, como lhe chamam as gentes, que é tido e havido como a principal sede de mouros e mouras encantados nos arredores daquela cidade. No tempo da conquista do Algarve, porém, ainda esse rio corria manso para o oceano, possibilitando a sua utilização plena pelos mouros da região, que, logicamente, o usaram para os seus encantamentos, como vamos ver.
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História 134 – “A Moura de Querença”

23.06.2010 | Produção e voz: Luís Gaspar

Vamos ouvir uma lenda do Algarve recolhida por Fernanda Frazão na sua obra “Lendas Portuguesas”.
Querença é uma pequena e antiga freguesia algarvia. Segundo uma velha crença da região, passou-se ali, em tempos recuados, uma história com uma moura encantada.
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