Amália Rodrigues – “Lágrima”
08.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar
Amália da Piedade Rodrigues (Lisboa, 1 de Julho de 1920[2] — Lisboa, 6 de Outubro de 1999) foi uma fadista, cantora e actriz portuguesa, considerada o exemplo máximo do fado, commumente aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX. Está sepultada no Panteão Nacional, entre os portugueses ilustres.
08.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar
Cheia de penas
Cheia de penas me deito
E com mais penas
Com mais penas me levanto
No meu peito
Já me ficou no meu peito
Este jeito
O jeito de te querer tanto
Desespero
Tenho por meu desespero
Dentro de mim
Dentro de mim um castigo
Não te quero
Eu digo que não te quero
E de noite
De noite sonho contigo
Se considero
Que um dia hei-de morrer
No desespero
Que tenho de te não ver
Estendo o meu xaile
Estendo o meu xaile no chão
Estendo o meu xaile
E deixo-me adormecer
Se eu soubesse
Se eu soubesse que morrendo
Tu me havias
Tu me havias de chorar
Uma lágrima
Por uma lágrima tua
Que alegria
Me deixaria matar
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08.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar
Silêncio
Do silêncio faço um grito
E o corpo todo me dói
Deixai-me chorar um pouco
De sombra a sombra
Há um céu tão recolhido
De sombra a sombra
Já lhe perdi o sentido
Ó céu
Aqui me falta a luz
Aqui me falta uma estrela
Chora-se mais
Quando se vive atrás d’ ela
E eu
A quem o céu esqueceu
Sou a que o mundo perdeu
Só choro agora
Que quem morre já não chora
Solidão
Que nem mesmo essa é inteira
Há sempre uma companheira
Uma profunda amargura
Ai solidão
Quem fora escorpião
Ai solidão
E se mordera a cabeça
Adeus
Já fui p’r’além da vida
Do que já fui tenho sede
Sou sombra triste
Encostada a uma parede
Adeus
Vida que tanto duras
Vem morte que tanto tardas
Ai como dói
A solidão quase loucura
08.01.2012 | Produção e voz: Luís Gaspar
Foi por vontade de Deus
Que eu vivo nesta ansiedade
Que todos os ais são meus
Que é toda minha a saudade
Foi por vontade de Deus
Que estranha forma de vida
Tem este meu coração
Vive de vida perdida
Quem lhe daria o condão
Que estranha forma de vida
Coração independente
Coração que não comando Vives perdido entre a gente Teimosamente sangrando Coração independente
Eu não te acompanho mais Pára deixa de bater
Se não sabes onde vais Porque teimas em correr
Eu não te acompanho mais
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16.02.2006 | Produção e voz: Luís Gaspar
A poetisa, cujas palavras douradas preenchem o programa desta semana, nasceu em Julho de 1920 e faleceu, com 79 anos, em 6 de Outubro de 1999. O seu corpo está no Panteão Nacional, lugar onde repousam as personalidades consideradas como expoentes máximos da nacionalidade. Como João de Deus, Almeida Garrett, Guerra Junqueiro, Teófilo Braga, Sidónio Pais, Óscar Carmona.
Onde se encontram, cenotáfios, isto é, memoriais fúnebres, de Luís de Camões, Pedro Álvares Cabral, Nuno Álvares Pereira, Vasco da Gama e do Infante D. Henrique.
A poetisa ganhou um lugar no Panteão mas, provavelmente mais importante, conquistou o coração dos portugueses com palavras ditas na sua esplendorosa voz.
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