Nota biográfica >>

A primeira página de grandes obras da literatura.

“O Patriota”, de Pearl S. Buke

22.01.2014

Filha de pais missionários presbiterianos, aos 3 anos de idade, em 1892, foi levada pelos pais para a China, onde foi criada. A China marcou-a e evoca a cultura chinesa na maioria de suas obras.
Mestre em Literatura pela Universidade de Cornell em 1926, escreveu mais de 110 livros e várias novelas de rádio. Recebeu o Prémio Pulitzer em 1932 e o Nobel de Literatura em 1938.
Publicado em 1939, O Patriota descreve o processo de amadurecimento emocional de um estudante universitário, cujo idealismo é destruído pela brutalidade da guerra. Wu, com efeito, filho de um poderoso banqueiro de Xangai, deixa-se, em dado momento, contagiar pelas ideias revolucionárias e acaba por aderir ao Partido Comunista Chinês.

No ano décimo-quinto da República Chinesa (ano ocidental de 1926), vivia, na cidade de Xangai, um rice banqueiro, chamado Wu, que tinha dois filhos.
Wu era director do Grande Banco da China, com filiais em todas as cidades do centro e do sul da República. Fundara esse Banco, que se tornara tão importante sob o novo regime, ao regressar de uma viagem pelo Japão e pela Europa, empreendida, quando ainda muito novo, para estudar o assunto.
O pai, o velho general Wu, só se preocupava com Bancos, como militar, quando a guerra, em que aliás nunca tomara parte, fazia sentir a necessidade de dinheiro. Durante a última dinastia Manchu, fora mandado, com outros rapazes, para o estrangeiro. Os pais ficaram desolados com a ideia dessa viagem, sobretudo a mãe, cujas lágrimas e a recusa formal de tomar alimento levaram o imperador a permitir, por um decreto especial, que Wu ficasse junto dela, até que lhe desse um neto. Só quando lhe puseram nos velhos braços uma criancinha vermelha que acabava de nascer, a vagir, e que veio a ser este banqueiro, é que ela se conformou com a ideia de ver partir o filho, o futuro general Wu, então um belo e impetuoso rapaz de dezoito anos.
Isto passou-se durante os breves anos em que a casa reinante parecia querer reformar o velho e obsoleto exército chinês. Mas essas reformas nunca foram além do projecto. Todos sabiam que a poderosa e enérgica imperatriz-mãe dirigia o fraco filho e anulava as suas tentativas. O facto é que o general Wu, ao fim de menos de dois anos, viu-se em Berlim sem dinheiro. O pai mandou-lhe o necessário para o regresso e o jovem militar teve a demonstração prática do valor dos Bancos. Os banqueiros, concluiu ele, é que dirigem as nações e não os imperadores ou os reis. E fixou desde logo o plano de encaminhar o filho, então com dois anos, para a carreira bancária, plano que lhe foi dado realizar.
O vapor que o conduzia a Xangai ainda não atracara, quando o pai faleceu. A mãe, sem forças para lhe sobreviver, suicidou-se, engolindo os anéis de ouro e jade.
O general Wu, filho único, tornou-se então o chefe da família Wu, senhor de uma grande fortuna, de casas e terras ancestrais, na longínqua província de Hunan.

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