Nota biográfica >>

Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas (Póvoa de Atalaia, 19 de Janeiro de 1923 — Porto, 13 de Junho de 2005). Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as suas raras aparições públicas com «essa debilidade do coração que é a amizade».

Egito Gonçalves – “Eugénio”

18.11.2015

lagoa-henriques

Trouxe para as névoas da cidade
o ouro dos trigais, a brancura da cal que
os mouros deixaram por herança,
como a nora que sempre deu água ao
seu moinho. Percorreu as ilhas da
história para britar a pedra, esmiuçar
os alicerces, começando a amar as
maresias, a areia suave, as luzes das
arribas, e quando o coração se lhe
partia escrevia um poema onde o sol
entrava pelos ossos, dourava a saudade
e punha as aves negras a voarem para
longe, estrelas do desgosto que as
nuvens arrastavam para fora do
horizonte. As cintilações de Setembro
reverdecem o que a memória decantou,
o mar a que a errância da memória
sempre volta. Folhas secas aparentes,
que formam um tornado luminoso que
bate à sua porta. E a porta abre-se… o
mar está ali.

Continuando a homenagem a Eugénio de Andrade por outros poetas… Poema de Egito Gonçalves, ilustração de Lagoa Henriques, ambos retirados do livro “Aproximações a Eugénio de Andrade”, editado pela ASA com o patrocínio a BIAL, coordenação de José da Cruz Santos e Direção gráfica de Armando Alves.

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