Nota biográfica >>

Com um percurso ligado às artes, vias tortuosas levaram-no às tecnologias de informação. Escrevendo por teimosia, Ricardo Vercesi Picoto considera-se um amador, desde que amador seja "aquele que ama", diz. Deixa a qualificação dos seus textos para quem os lê. Talvez, um dia, surja o livro onde reuna aquilo a que chama de verborreia aparentemente poética.

Ricardo Vercesi Picoto – “Puto”

13.03.2012

Puto
Hoje acordas para mais um dia sem sol.
Puto
Para quem todas as ruas são camas
E os eléctricos são viagens ao mundo dos homens
Sombras de uma vida sem risos, sem esperança
Nos olhos baços dos putos que nunca chegaram a ser crianças.
Tu, puto
Que tratas as putas e os chulos por tu
E para quem todas as pedras são brinquedos
Todas os brinquedos são armas
Todas as emoções são medos.
Tu, puto
Todos os sonhos do mundo são teus.
Que hoje vagueias por mais uns trocos perdidos
E o cheiro da cola se confunde com a humilhação e os sentidos.
Tu, que tens o chão onde dormes por amigo, o cartão por abrigo
Tens o mundo por inimigo.
Puto
Quando olhas, o que vês?
E os olhares indiferentes de quem passa?
E os dias que passam sem nada de novo se passar
E os ventos que te adormecem e te escondem do perigo.
Puto
Todos os perigos do mundo são teus.


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