Afonso Mendes de Besteiros – “Dom Fulano”
09.03.2016
Português Moderno
Dom Fulano que eu sei
que tem fama de ágil,
vedes que fez na guerra
(disto sou certíssimo):
só de ver os ginetes,
como boi que fere moscardo,
sacudiu-se e revolveu-se,
alçou rabo e foi-se
a Portugal.
Dom Fulano que eu sei
que tem fama de ligeiro,
vedes que fez na guerra
(disto sou verdadeiro)
só de ver os ginetes,
como bezerro tenreiro,
sacudiu-se revolveu-se,
alçou rabo e rumou
a Portugal.
Dom Fulano que eu sei
que tem mérito de ligeireza
vedes que fez na guerra
(sabei-o por verdade):
só de ver os ginetes,
como cão que sai de prisão,
sacudiu-se revolveu-se,
alçou rabo e foi-se
a Portugal.
Português Antigo
Don foão que eu sey
que á preço de liuão,
vedes que fez ena guerra
(d’aquesto sõo certão):
sol que uyu os genetes,
come boy que fer tauão,
sacudiu-ss’e e reuolueu-sse,
alçou rab’e foy sa vya
a Portugal.
Don foão que eu sey,
que á preço de ligeyro,
vedes que fez ena guerra
(d’aquesto sõo uerdadeyro)
sol que uyu os genetes,
come bezerro tenrreyro,
sacudiu-ss’e reuolueu-sse,
alçou rab’e foy sa vya
a Portugal.
Don foão que eu sey
que á prez de liueldade
vedes que fez ena guerra
(sabede-o por uerdade):
sol que uyu os genetes,
come can que sal de grade,
sacudiu-ss’e reuolueu-sse,
alçou rab’e foy síi vya
a Portugal.
(Adaptação ao português atual por Deana Barroqueiro.
Este poema faz parte do iBook “Coletânea de Poesia Portuguesa – I vol. Poesia Medieval”
à venda no iTunes)
Podcast (estudio-raposa-audiocast): Download