Nota biográfica

João Penha (1838-1919)
. Poeta português (de Braga), também jurista e magistrado. Introduziu o parnasianismo em Portugal.

“O Eterno Feminino” poema de João Penha.

13.10.2021 | Produção e voz: Luís Gaspar

Ninguém vive sem amor,
Neste mundo sub-lunar.
Cada pomba tem seu par,
Cada zagala um pastor.

O doirado pica-flor
Ama a rosa-de-toucar;
Enfim, na terra e no mar,
É Ele o rei, o senhor.

Pois que amar é lei sem metas,
Amemos, cantando aos ventos
As nossas musas dilectas.

Até os próprios jumentos
Têm, como nós os poetas,
Burras dos seus pensamentos.

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João Penha – “A Carne”

11.09.2014 | Produção e voz: Luís Gaspar

corpo

Carne mimosa, carne cor de rosa
Nada mais sois, oh anjos, na poesia
Dos vates dissolutos de hoje em dia,
Nos romances de amor, hedionda prosa.

A vossa alma gentil, ideal, mimosa,
Nestas idades de descrença ímpia,
Como escondida, numa estátua fria
Sonha e não voa, de voar medrosa!

Anjos chorai o Amor! Com voz dolente
Dizei-lhe adeus! Bronco recife
Se apruma entre ele e vós, cruel, ingente:

Que par mais que de vinhos o borrife,
Ninguém gosta de ver, continuadamente,
Diante de si, fatal, o mesmo bife!

in “Novas Rimas” a Cândido de Figueiredo.

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