Pedro Barão de Campos – “Cavalinho de brincar”
06.10.2012
No meu cavalo de brincar
Sempre em frente
Cavalgo sem parar
Não tem fome nem tem sede
Alimenta-se de pensar!
É assim…
O meu cavalinho de brincar.
No recreio da escola
Sempre de um lado ao outro
A galope, a galope
Impossível de parar
Acompanha-me o vento
Nesta corrida de sonhar!
É assim…
O meu cavalinho de brincar.
Perto da porta da tua sala
A trote, resguardo a dança no limite.
Crinas esvoaçando, orelhas caídas,
Deslumbrante o teu olhar.
É sorridente, o meu semblante,
Perto de ti, contornando barreiras invisíveis…
Sou assim, à tua porta,
No meu cavalinho de brincar.
Num salto imaginário
Até ao início do nada
Nuvens de algodão embelezam de claridade o teu lugar!
Corcel de arco-íris…
Percorre cada passada a relinchar
E eu, assim, só a procurar por ti, no silêncio…
Cavalgando… cavalgando…
No meu cavalinho de brincar.
Fruto da tua cor
Imerso no teu paraíso interior
Adormeço com esse passeio no meu pensamento!
Feito da tua imaginação
Um mensageiro atravessa reinos num teatro de alegria
Por bosques, riachos, desertos e montes,
Transpondo declives e rochedos
Com os seus cascos de ventania.
Sei que amanhã já não haverá cavalinho.
Amanhã, terei sofrido demasiado para poder brincar.
Amanhã, terá desaparecido a tua imaginação.
E longe, impossível de alcançar…
Caminharei apenas…
À frente da porta da sala onde antes estavas
Ficarei ali, imóvel, estarrecido, a procurar… e a sonhar
Que a pessoa imaginada, em frente ao quadro branco,
Eras tu a cuidar
Do nosso cavalinho de brincar.
Olhei em redor,
Procurei melhor,
Não, não eras tu,
Era só o passado a regressar.
Era só eu a acreditar.
Em ti.
Acabou.
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